quinta-feira

Criançada transforma teleférico do Alemão em "parque de diversões"

Apesar das filas, novidade faz a alegria de meninos e meninas

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Enquanto Mariana faz pose, Milena (centro) não consegue abrir os olhos de tanto medo: "Eu não sou feita para isso, não"

Ansioso, um menininho bate o pé no chão, puxa o braço da mãe e, com sorriso de orelha a orelha, pergunta: “Ei, tá chegando a nossa vez? Quero brincar disso logo”. À primeira vista, parece uma criança aguardando impaciente a vez em um parque de diversões, mas não. Embora a emoção seja parecida, a brincadeira é diferente: um passeio no teleférico instalado no Complexo do Alemão, zona norte do Rio de Janeiro.
Veja as fotos
Inaugurado na última quinta-feira (7), a nova atração do conjunto de 13 favelas foi criada para facilitar o transporte dos moradores, evitando quilômetros de subidas e descidas. Contudo, a característica mais marcante ainda é a diversão. Prova disso é que, ao fim das viagens, grupos de crianças descem as escadas aos berros, correndo o mais rápido possível e voltam para o fim da fila. A espera vale a pena para mais um passeio chacoalhante sobre o subúrbio carioca.
Os 152 bondes presos a resistentes cabos de aço funcionam quase como carrinhos de montanha-russa para o estudante Marlon Santos, de 17 anos, que achou o “máximo”. Ao lado dele, porém, Milena Moreira, de 13 anos, mostrava emoção bem diferente. Com o coração prestes a saltar à boca, a menina, moradora do complexo, chegou perto do desespero durante os 16 minutos do trajeto de ida (a volta leva o mesmo tempo). De olho fechado para não ver nada “lá do alto”, ela rezava e torcia pelo fim do passeio.
- Eu não sou feita para isso, não. Já estou até com dor de cabeça.
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Roseane e o neto Guilherme se divertiram no primeiro passeio no teleférico do Alemão (Foto: Bruno Rousso)
A viagem dos dois jovens e outras duas amigas chegou ao fim na estação Palmeira, a última do teleférico, onde o desembarque é obrigatório. Instantes depois, no mesmo bondinho, entraram Roseane Ferreira Santos, de 52 anos, e Guilherme, seu valente neto de quatro anos. Perguntado sobre o fato de estar nas alturas, o rapazinho olhou para baixo e disse, antes de abraçar carinhosamente a avó: “Eu não tenho medo, não”.
Dona Roseane vive no Alemão há 42 anos e estava testando pela primeira vez o teleférico. A impressão inicial, uma fila que durou mais ou menos 1h20, não foi boa. Mas, quando se acomodou e o tal “trenzinho” começou a andar, logo relaxou.
- A vista é bonita, tirando o fato de ter muita caixa d’água. E não dá para negar que facilita nossa vida.
O serviço de teleféricos é composto por seis estações: Bonsucesso, Adeus, Baiana, Alemão, Itararé e Palmeira. Cada bonde comporta oito pessoas sentadas e duas em pé. Nos primeiros dois meses de teste, porém, a recomendação é que o total de passageiros varie entre seis e oito.
Após este período, o passeio deixará de ser gratuito. Moradores do Alemão que se cadastrarem poderão fazer duas viagens por dia (ida e volta). Caso ultrapassem o limite, terão de pagar R$ 1 por cada trajeto, assim como quaisquer outras pessoas que queiram visitar a novidade, seja para matar a curiosidade ou, quem sabe, seguir o exemplo da criançada e usar a imaginação para deixar tudo de lado e curtir alguns minutos no “parque”.

Da Redação com R7

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