Foto: Francisco França, do Jornal da Paraíba
A Prefeitura Municipal de João Pessoa está prestes a conseguir autorização para realizar uma das mais importantes intervenções de engenharia já realizadas por administrações municipais para conservação e proteção da falésia do Cabo Branco. No entanto, outras áreas como as praias de Tambaú e Manaíra, que sofrem grandes impactos naturais por força da água do mar e a presença de construções na areia, continuam fora dos planos da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semam). De acordo com a presidente da Associação Amigos da Natureza (Apan), Socorro Fernandes, toda a costa paraibana está sofrendo com a falta de sedimentação em suas praias, e em Manaíra o problema é sério, tendo em vista que a faixa de areia existente hoje está cada vez mais estreita e poderá desaparecer em breve caso a Prefeitura não intervenha no local.
Ela explicou que a construção do Hotel Tambaú na areia da praia tem funcionado como um bloqueador de ventos que levam sedimentos da praia de Tambaú para a de Manaíra. “O Hotel afugentou os sedimentos na praia de Tambaú que está sofrendo um processo de ‘engorda’ da praia, enquanto Manaíra está vendo sua faixa de praia se estreitar cada vez mais”, disse, criticando o gasto da Prefeitura destinado ao estudo na falésia. “A Prefeitura deveria ver o que acontece em toda a nossa orla e, principalmente em Tambaú e Manaíra, que vão sofrer ainda mais com os impactos dessa obra na falésia”, continuou.
Na praia de Tambaú, Eduardo Amaral, empresário proprietário do Bahamas, construído na orla há 25 anos, disse não ter percebido nenhuma mudança no avanço do mar na praia de Tambaú. No entanto, disse o empresário apontando para o seu lado esquerdo, em Manaíra o problema é visível a todos. “Próximo à Gameleira, o mar atinge a calçada e quase não há praia”, destacou. “Na praia de Tambaú, só próximo ao Hotel Tambaú que não há praia. A água do mar bate diretamente no muro da construção”, finalizou.
A Secretaria de Meio Ambiente (Semam), apesar de conhecer o problema na região das praias, não tem propostas de melhorias para o local. Segundo o analista ambiental da Semam, Williams Guimarães, é preciso primeiro que uma equipe estude a situação para verificar se há ou não necessidade de intervir no local. Neste sentido, o analista concorda com a ambientalista Socorro Fernandes de que a ocupação humana é o principal agravador do estreitamento na praia de Manaíra. “Mais de 50% da população em todo o globo ocupa regiões costeiras. O mar apenas está requerendo um local que antes era dele”, argumentou.
A reportagem do JORNAL DA PARAÍBA procurou a gerência do Hotel Tambaú para saber se existe alguma ação voltada para minimizar os supostos impactos ambientais da edificação, mas foi informada que o gerente Fernando Macedo, única pessoa autorizada a prestar informações à imprensa, está em viagem ao exterior, segundo a assessora do gerente.
Da Redação com Jornal da Paraíba
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