Depois da polêmica de Chico César envolvendo as bandas de “forró de plástico”, agora é a vez de outro gestor público “chutar o pau da barraca” e disparar: “Se deixar o povo escolher, só vai tocar porcaria”.
Depois do secretário de Cultura do Estado, Chico César afirmar que o Governo não fará parceria com Campina Grande para a realização do Maior São João do Mundo por não querer financiar as bandas de “forró de plástico”, agora é a vez do diretor de programação da rádio Tabajara, Cristovam Tadeu externar sua opinião com relação ao assunto, em especial aos campinenses: “Se deixar o povo escolher, só vai tocar porcaria”. Ou seja, o povo não sabe escolher. Estaria ele se referindo ao mesmo povo que elegeu o atual chefe do Executivo Estadual?
A questão definitivamente não é o gosto por bandas de “forró de plástico”, até porque a festa não se resume a isso. O que falta é compromisso do Governo para geração de emprego e renda em uma das cidades responsáveis pela visibilidade do Estado em níveis nacionais e internacionais, sobretudo no aumento da economia durante o período junino. Diante do fato, a postura de alguns gestores públicos é vergonhosa. Sequer possuem dados estatísticos do quão relevante se torna a efetivação do Maior São João do Mundo para Campina Grande e, consequentemente para o Estado.
Campina Grande é o município do interior que concentra considerável parcela do potencial econômico da Paraíba. Virou foco por seu poder de agregar pessoas de todas as idades e lugares no São João que movimenta a economia local. A festa é montada com meses de antecedência e a maratona de arrasta-pé engloba, além das bandas de “forró de plástico”, artistas locais e de estados vizinhos, os conhecidos e tão aclamados forrós pé de serra.
Além da rede de hotéis que lota todos os anos, algumas famílias aumentam seu ordenado com hospedagens alternativas. São mais de 100 casas de moradores da cidade, previamente cadastradas, que servem de abrigo para quem chegar de última hora para a festa. Todas as residências passam por fiscalização da Vigilância Sanitária e atendem aos requisitos básicos de conforto e higiene.
Só no ano passado, o movimento de embarque e desembarque de passageiros no Aeroporto João Suassuna, em Campina Grande, registrou crescimento de 51% no primeiro semestre de 2010, em comparação com o mesmo período de 2009. Em janeiro foram 9.731 passageiros, mas o recorde ocorreu em junho, época do Maior São João do Mundo, quando o número de embarques e desembarques chegou a 11.345.
Segundo dados da própria Embratur, Campina Grande tem um forte calendário de eventos, se destacando o Maior São João do Mundo, maior festa cultural do Nordeste e que se realiza ao longo do mês de junho e um dos mais importantes acontecimentos turísticos do país, independente das bandas de “forró de plástico”. Se essa é a desculpa maior e mais enfática para a não consolidação da parceria do Estado, deixe que as bandas de “forró de plástico” sejam financiadas pela própria Prefeitura Municipal da cidade, pelo Governo Federal ou até mesmo pelos patrocinadores, mas não deixem de investir no evento, com certeza ele não é de plástico.
Só no ano passado passaram pelo Parque do Povo mais de 480 atrações, das quais 76 no Palco principal, 90 nas ilhas de forró, 35 na Pirâmide, 360 quadrilhas e cerca de 30 grupos folclóricos, resultando em mais de 700 horas de forró durante os 31 dias de realização da festa, sem esquecer a realização do Forró Fest, maior festival de forró do Brasil que tem por objetivo descobrir novos talentos e homenagear os grandes valores da cultura forrozeira.
Além do Forró Fest, ainda é possível encontrar outras atrações que entusiasmam os turistas, a exemplo do Trem do Forró que faz o percurso entre a Estação Velha de Campina Grande e o Distrito de Galante, em oito vagões, onde os passageiros podem apreciar uma rica paisagem bucólica, onde floresce a vegetação típica da região do semi-árido nordestino. A viagem ocorre nos finais de semana de junho, sempre saindo às 10h da manhã e retornando no final da tarde.
O passeio expresso forroviário reserva muita animação, pois em cada vagão vai um trio de forró pé de serra para que os passageiros possam se aquecer dançando durante todo o percurso. Chegando ao seu destino, ou seja, distrito de Galante o turista encontra o ARRAIAL DE GALANTE, montado numa ampla estrutura, onde é oferecida ao turista a prática do turismo rural com passeios a cavalo, em carroças de burro ou em jegues. O arraial de Galante tem ainda o “forró no mercado”, com palhoças de forró e um palco de comidas típicas.
Quadrilhas de ruas em todos os bairros de Campina Grande abrilhantam paralelamente as noites juninas do Parque do Povo. Os restaurantes, lanchonetes, bares, lojas, ruas e avenidas vestem-se à caráter e brindam juntos a passagem dos turistas. A economia cresce, Campina Grande e o Maior São João do Mundo agradecem!
Os turistas ainda contam também com o Sítio São João que oferece o verdadeiro contato com a lembrança da cultura popular do Nordeste que se faz presente nas formas arquitetônicas da casa de moradia dos sitiantes, na bodega, na capela, na casa de farinha e no depósito de mangai. O SÍTIO SÃO JOÃO é um lugar que retrata os hábitos de uma comunidade rural, inclusive na maneira de cozinhar e dormir.
Ainda no Parque do Povo, é possível reviver aspectos da história de Campina Grande. No local existe uma cidade cenográfica com várias réplicas de prédios históricos da cidade. Na cidade cenográfica o turista pode encontrar a VILA NOVA DA RAINHA, que foi uma das primeiras “praças de desenvolvimento econômico” da cidade. Como nos velhos tempos, o local tenta retratar o comércio de artesanato e de venda de farinha de algodão. As peças de artesanato comercializadas por artesãos locais são confeccionadas a partir das mais diversificadas matérias primas, como madeira, estopa, bucha vegetal, sisal, barro, couro ou tecido.
No Parque do Povo também estão instaladas muitas barracas, onde a culinária nordestina não é esquecida. São mais de duzentas barracas, pavilhões e quiosques onde é possível apreciar pratos típicos tais como buchada de bode, cuscuz com carne guisada, pamonha, pé de moleque, delícia de macaxeira, tapioca, curau, bolo de milho, etc.
A devoção aos santos juninos e a crendice popular também não são esquecidas, elas giram em torno de seus poderes e mantêm vivas algumas expressões da cultura popular do Nordeste. Por exemplo, acreditar que Santo Antônio é casamenteiro é tradição que se transfere de geração a geração e que foi absorvida e está sendo preservada pelo Maior São João do Mundo.
É por isso que a programação do evento reserva espaço a um “Casamento Coletivo” em pleno Parque do Povo, sempre no meio do mês de junho, entre os dias 12 e 18 e que reúnem centenas de casais que não tem condições de realizarem suas festas e a Prefeitura Municipal de Campina Grande financia não apenas a festa, mas toda as vestimentas dos noivos.
Campina Grande durante esse período também oferece aos turistas o evento mais divertido do Maior São João do Mundo, trata-se de uma competição de corrida de jegues que acontece no Parque do Povo, a céu aberto, sempre entre os dias 12 e 16 de junho. Os donos dos animais se inscrevem no dia e no local da competição e se preparam para a corrida. Os jegues recebem nomes, números e se alinham para correrem em baterias de 4 jegues.
Então fica a pergunta: Seria justo com Campina Grande, não investir no Maior São João do Mundo apenas por existirem apresentação de algumas bandas consideradas “forró de plástico” pelo secretário de Cultura do Estado? Seria justo não investir numa das maiores festas turísticas do País? Que responda o povo, sem bairrismo.
Caberá ainda ao povo dizer quais são dentre as atrações apresentadas no ano passado, consideradas bandas de “forró de plástico”. Segue abaixo uma relação dos artistas que passaram pelo palco principal do Parque do Povo durante realização do Maior São João do Mundo, edição 2010, para que o povo decida se há ou não razão para tais justificativas da não parceria do Governo do Estado com Campina Grande:
Clã Brasil, Jairo Madruga, Aviões do Forró, Ton Oliveira, Garota Safada, Forró de Taipa, Mexe Ville, Cavaleiros do Forró, Assisão, Forró do Bom, Banda As Favoritas do Forró, Mistura Quente, Saia Justa, Jeandro Garotinho, Tempero Completo, Arreio de Ouro, Forró Caçua, Niedson Lua, Novo Balancear, Forró Moral, Flávio José, Eliane, Elino Julião Junior, Luizinho de Iriaçuba, Forró Sacode, Walldones, Forrozão Agua de Coco, Nativos do Forró, Cabruêra, Biliu de Campina, Jorge Marral, Stella Alves, Forró Meu e Seu, Forró Pegado, Forró da Burguesinha, Forrozão J Gomes, Garota Assanhada, Calcinha Preta, Raniere Gomes, Forró Pikotado, Amazan, Dominguinhos, Caviar com Rapadura, Liv Moraes, Antonio Barros e Cecéu, Geraldinho Lins, Fábio e Nando, Alcymar Monteiro, Pinto do Acordeón, Solteirões do Forró, Capilé, Banda Biografia, Banda Tropycaliente.
Jeito Nordestino, Banda Calypso, Banda Fogo de Menina, Paulinho Pauleira, Rosa Xote, Elba Ramalho, Os Três do Nordeste, Tony Dumond, Coroné Grilo, Nando Cordel, Forró do Brejo, Ferro na Boneca, Lis Albuquerque, Luizinho Calixto, Rita de Cássia, Boca Boca, Cícero Romão, realização do Forró Fest, Forrozão Dona Encrenca, Banda Pegação, Mineirinhos do Forró, Banda Sem Preconceito, Inaudete Amorim, Banda Arriegua, Jorge de Altinho, Sirano e Sirino, Henrique do Vale, Sussa de Monteiro, Zé Ramalho, Felipe e Rangel, Forrozão Ryudean e Rudson, Luan e Forró no Clima, Saia Rodada, João Gonçalves, Brasas do Forró, Banda Sacaniar, Genival Lacerda, Forró dos Plays, Banda Flor da Pele, Banda Cheiro de Menina e Vicente Nery, Santana, Cavalo de Pau, Zé Calixto, Dida Pachequinho, Magníficos, Petrúcio Amorim, Forró do Muido, Banda Karkara.
Estas são apenas as apresentações referentes ao Palco principal, ficando as ilhas de forró e Pirâmide com a maioria das atrações de forró pé-de-serra, ou seja, tem gosto para tudo e como esse não é o foco principal da discussão, o que falta mesmo é parceria, investimento e compromisso do Estado com Campina Grande. Caso o povo não soubesse escolher, com certeza o Maior São João do Mundo estaria fadado ao fracasso, o que não ocorreu e não ocorrerá em virtude de opiniões descabidas e ações governamentais que em nada acrescentam ou condizem com o verdadeiro objetivo de uma gestão pública, onde o povo, em especial os campinenses participam efetivamente.
Ao secretário de Cultura do Estado e demais seguidores da sua opinião, fica a lembrança da existência de uma Constituição Federal, Carta Magna brasileira que também estabelece o comportamento dos gestores em conformidade com os princípios constitucionais da administração pública, a saber: princípio da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da publicidade, da eficiência.
Especificamente sobre o princípio da eficiência espera-se que o gestor tenha direcionamento da atividade e dos serviços públicos à efetividade do bem comum, imparcialidade, neutralidade, transparência, participação e aproximação dos serviços públicos da população, eficácia, desburocratização e busca da qualidade.
É válido ainda ressaltar o Artigo 227 da Constituição Federal que diz: É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
E para finalizar, é louvável ainda e não dói lembrar que as definições de liderança constata que é comum a toda a noção de que os líderes são indivíduos que, por suas ações, facilitam o movimento de um grupo de pessoas rumo a uma meta comum ou compartilhada. Ou seja, é um processo de influência e não de imposição ou justificativas infundadas.
Da Redação com PB Agora
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