Será sepultado no final da tarde desta segunda-feira (5) no Cemitério Parque das Acácias, em João Pessoa, o corpo do professor e físico Mário Assad, considerado fundador ou 'pai' da Internet na Paraíba ou o homem que conectou a Paraíba ao resto do planeta através da rede mundial de computadores.
Assad morreu ontem à noite, por volta das 22h, no Hospital Napoleão Laureano, da Capital, onde se encontrava internado há uma semana, em razão de complicações de um câncer. Insuficiência respiratória teria sido a causa mais imediata da sua morte. O corpo está sendo velado no próprio Parque das Acácias.Bacharel em Física pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1975), Mestre em Física pelo Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (1980) e Doutor em Fisica pelo Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (1991), Mário era Professor Associado I da Universidade Federal da Paraíba, vinculado ao Departamento de Física do Centro de Ciências Exatas e da Natureza (CCEN), Campus de João Pessoa.
Mário Assad realizou pesquisas na área de Física, com ênfase em Relatividade e Gravitação, atuando principalmente em temas relacionados a modelos cosmológicos especialmente homogêneos na Teoria da Relatividade Geral e na Teoria de Einstein Cartan. Desde 1992 dedicou-se à elaboração e implantação de projetos de redes óticas de comunicação de dados de alto desempenho para apoio ao ensino superior, pesquisa e inovação.
Segundo registra a Wikipédia, a Enciclopédia Livre da Internet, "o berço da Internet na Paraíba é a Universidade Federal da Paraíba (UFPB)", onde desde a década de 1980 já desenvolviam projetos de montagens de redes de computadores e tinha, no final da década, algumas redes que funcionavam internamente nos campus da Universidade em João Pessoa e Campina Grande.
Mas foi em 1989 que o professor Mário Assad estava no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), no Rio de Janeiro, concluindo o seu doutorado em Física, quando tomou conhecimento com outros intelectuais da implantação da rede BITNET, espécie de antecessora da Internet no Brasil, e se interessou pelo projeto.
Pretendendo trazer aquele projeto à Paraíba, o professor Mário Assad resolveu ir ao LNCC (Laboratório Nacional de Computação Científica) para analisar a possibilidade de se fazer a conexão da UFPB com a rede. No Laboratório Nacional procurou o Jayme Goldstein, e falou do interesse em levar a BITNET até a Paraíba. Goldstein, como também já pretendia disseminar o uso da rede pelo país, aprovou a solicitação e se prontificou em estabelecer uma ligação na UFPB.
Depois de um longo processo de avaliações com o técnico Jácomo Paladino, que era representante de negócios da IBM; Jayme Goldstein e o professor Mário Assad elaboraram um primeiro projeto de implantação de uma rede ligada à BITNET, no qual estava previsto a vinda do Goldstein e de um técnico do LNCC para começar a estabelecer o enlace da BITNET na Paraíba. Depois disso, Mário Assad retornou ao Estado.
Posteriormente, ao chegar à UFPB um técnico do LNCC, aproveitando a infraestrutura de rede primária já montada no Departamento de Física do campus I, configurou todos os equipamentos. Assad e outros pesquisadores da Universidade começaram então a estabelecer alguns enlaces discados com o LNCC a uma taxa de transferência de 2.4 kbps. Essa foi a primeira conexão da Paraíba a uma rede nacional e, a partir desse ponto, à BITNET. A única, até então, no Norte e Nordeste, como informou o próprio Assad, ligando o Departamento de Física diretamente ao LNCC, nos fins de 1989.
Visando estabelecer uma ligação permanente para essa rede, equipes da UFPB negociaram e começaram os preparativos para o estabelecimento de uma ligação permanente com a USP. No final dos anos 1990, a UFPB contratou com a Embratel o canal dedicado para a implantação da rede: um canal São Paulo-João Pessoa e outro João Pessoa-Campina Grande. A velocidade da nova linha foi de 4.8 kbps. Enfim, em 1991, a UFPB passou a ter um nó da rede BITNET e o sinal foi distribuído para o campus de Campina Grande. Foi nesse período que oficialmente a Universidade Federal da Paraíba foi considera um nó (um canal dedicado para a conexão à BITNET).
Para que a conexão à BITNET através da USP fosse montada, diversas equipes de técnicos foram mobilizadas na UFPB em João Pessoa e Campina Grande, com auxílio de técnicos da USP. O computador montado no campus I em João Pessoa se chamou BR UFPB I e o do campus II, em Campina Grande, se chamou BR UFPB II.
Mário José Delgado Assad, mineiro de Juiz de Fora, tinha 58 anos, era casado com a psicóloga e professora universitária Margarida (Guida) Elia Assad e pai de Rodrigo, Gustavo e André.
Da Redação Com Portal Correio
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