Rosângela Sales e Ana lúcia mostram as marcas das agressões
O tradicional clima de tranquilidade, peculiar nos pequenos municípios do interior da Paraíba, foi literalmente quebrado graças as disputas eleitorais na cidade de Montadas, distante 25 quilômetros de Campina Grande. Na noite da última segunda-feira, pelo menos quatro residências foram invadidas e sete pessoas procuraram a Polícia Civil para registrar queixa informando que foram vítimas de violência. A ação teria sido provocada por cerca de 30 pessoas que estariam revoltadas com o resultado do segundo turno das eleições do último domingo e resolveram agredir os moradores que votaram no candidato vencedor. Conforme testemunhas, o grupo era liderado por um vereador do município que apresentava sinais de embriaguez e chegou a agredir alguns moradores e ameaçar de morte idosos e crianças.
A confusão teve início por volta das 20h da última segunda-feira, na Rua João Costa Brasil, no Centro de Montadas. As vítimas relataram à polícia que o vereador Juarez Francisco Silva (PMDB) estava participando de uma bebedeira na companhia de outras pessoas, quando o tumulto foi iniciado. "Eu estava chegando em casa, quando o vereador e os amigos dele me viram e começaram a me xingar. Eu parei e fiquei olhando, sem entender ao certo do que se tratava. Foi aí que eles partiram pra cima de mim. Além de me agredirem verbalmente, me bateram. Fui jogada no chão, minha sorte é que meu irmão vinha chegando na hora e me defendeu", contou Rosângela Sales Vital, 30 anos. Ela acrescentou que o seu irmão também foi agredido ao tentar defendê-la. "O barulho era grande por isso minha mãe saiu pra ver o que estava acontecendo. Quando ela percebeu que eles me batiam, foi me ajudar e acabou levando socos também", acrescentou.
No momento da confusão, apenas dois policiais militares (destacamento total da cidade) estavam de plantão, mas tinham se ausentado da cidade para atender uma outra ocorrência na zona rural. Apesar do tumulto ter acontecido em plena via pública, os conflitos se prolongaram por mais de50 minutos e só foi controlado quando uma equipe de apoio do 10º BPM foi deslocada de Campina Grande até Montadas. Apesar da presença dos policiais, nenhum dos acusados acabou sendo preso.
A aposentada Lourdes Márcio Gonçalves, de 67 anos, por pouco não teve sua casa destruída pelo grupo acusado de agressão. Ela contou que viveu momentos de pânico, pois estava apenas na companhia de uma neta de 10 anos. "Eles forçaram meu portão e chegaram a quebrá-lo. O movimento todo era liderado pelo vereador Juarez que promovia mesmo a baderna. Eu sofro do coração e por causa do susto, fiquei o dia de ontem quase todo internada no hospital. Minha médica informou que por pouco eu não tive um infarto", comentou a vítima.
O vereador já respondeu por outros crimes. No dia 10 de setembro de 2006, ele foi preso em flagrante, na companhia de um amigo, na comunidade do sítio Manguape, zona rural de Montadas, portando uma pistola e mais dois revólveres. Há 60 dias, ele foi condenado a dois anos e seis meses de reclusão mais o pagamento de multa e recorreu da decisão arbitrada pela juíza Lua Yamaoka Mariz Maia, da 2ª Vara Criminal da Comarca de Esperança, no entanto, recorreu da decisão e aguarda uma decisão do Tribunal de Justiça da Paraíba. Caso seja condenado, o parlamentar pode inclusive, perder o mandato de vereador que assumiu desde o ano de janeiro de 2009. A reportagem tentou falar com ele, mas não o encontrou em casa.
Da Redação com O Norte
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