sexta-feira

Acesso à comida aumenta no Brasil, mas 11,2 milhões de pessoas ainda passam fome

Pesquisa do IBGE analisa impactos da renda familiar sobre a alimentação diária

Nilton Fukuda/Agência Estado/02.03.2009Nilton Fukuda/Agência Estado/02.03.2009
Pesquisa mostra que é maior a prevalência da insegurança alimentar onde moravam jovens e crianças
O número de pessoas com acesso à alimentação de qualidade no Brasil aumentou desde 2004, porém, cerca de 65,6 milhões de brasileiros ainda se encontravam em algum nível de IA (Insegurança Alimentar) em 2009. Destes, aproximadamente 11,2 milhões sofreram com insegurança alimentar grave, ou seja, passaram fome em alguma ocasião. É o que mostra um suplemento da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) sobre Segurança Alimentar, feito pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em parceria com o MDS (Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome), divulgado nesta sexta-feira (26).
Segurança alimentar é o direito ao acesso regular a alimentos de qualidade, item que passou a integrar a Constituição Federal a partir deste ano.
O levantamento, que analisa os impactos da renda familiar sobre a alimentação, mostra que, entre 2004 e 2009, diminuiu de 34,9% para 30,2% o número de domicílios em situação de IA, totalizando 65,6 milhões de pessoas.
Neste período, aumentou de 18% para 18,7% o percentual de residências onde os moradores viviam em situação de insegurança leve (quando há incerteza em relação ao acesso à alimentação). Entretanto, diminuiu a situação de insegurança alimentar moderada (quando a quantidade de alimentos diminui entre adultos), de 9,9% para 6,5% de residências; e também caiu o percentual IA grave (quando mesmo as crianças chegam a ficar um dia inteiro sem comer), de 7% para 5% das moradias particulares – totalizando 11,2 milhões de pessoas.

Renda familiar e faixa etária
Para chegar aos resultados, o instituto questionou se os entrevistados já ficaram sem dinheiro para comprar comida “saudável e variada” nos três meses anteriores à pesquisa, entre outras questões relacionadas. Como era de se imaginar, quanto menor o rendimento familiar, maior o número de pessoas cuja alimentação foi ameaçada de alguma forma.

Neste contexto, o estudo mostra que em 55% das residências em situação de IA moderada ou grave a renda mensal domiciliar per capita não passava de meio salário mínimo. Por outro lado, 13,7% dos domicílios em segurança alimentar também integravam essa faixa de rendimento.

Outro dado curioso do estudo é em relação à faixa etária dos moradores. Segundo o IBGE, nas residências, era maior a prevalência da insegurança alimentar onde moravam jovens.

Em 2009, 8,1% da população com até 17 anos chegou a passar fome. Por outro lado, entre a população idosa (com mais de 65 anos), o percentual de pessoas que sofreu com a falta de comida era de 3,6%.

Neste sentido, o estudo aponta que, quanto mais velhos os moradores, menor a proporção de domicílios que sofreram restrições alimentares.
IBGE Idade

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