quarta-feira

Comandante do Bope diz que policial errou, mas que situação era de risco

Para oficial, o cabo fez o disparo por achar que era o momento de agir.
Mais cedo houve troca de tiros na comunidade e apreensão de granada.

Bope apresenta 
O comandante do Bope compara fotos de uma
furadeira e uma pistola UZI 

 
O comandante do Batalhão de Operações Especiais (Bope), tenente-coronel Paulo Henrique Moraes, classificou como um erro a ação de um cabo que matou um morador da favela do Andaraí, na Zona Norte do Rio, na manhã desta quarta-feira (19). Hélio Ribeiro foi morto ao ser confundido com um criminoso
quando usava uma furadeira. O policial confundiu a máquina com uma arma.

O comandante, no entanto,  justificou que, diante do contexto de violência da favela, já que mais cedo houvera uma troca de tiros no local, com apreensão inclusive de uma granada, o policial pode ter “agido conscientemente” por achar que estava numa situação de risco pare ele e os companheiros. No confronto, dois homens morreram.

“A equipe estava no contexto de uma comunidade conflagrada, onde houve um confronto pouco antes da nossa ação. Foi um erro, mas devido à semelhança do equipamento que ele usava, imaginou que fosse uma arma”, disse o comandante, durante coletiva para a imprensa, exibindo as reproduções de uma furadeira e de uma pistola UZI para mostrar a semelhança.

 “Na avaliação dele, tudo indicava que era uma arma e o momento de agir para proteger a equipe”, disse.

Segundo comandante, o policial será submetido a tratamento psicológico e afastado de operações de rua. O batalhão também vai abrir procedimento interno para apurar as circunstâncias da ação e avaliar o resultado. Ele informou também que o governo do estado dará apoio à família com o pagamento de uma pensão.

Denúncia de execução sumária
Na tarde desta quarta-feira (19), a Comissão de Direitos Humanos da Alerj recebeu denúncia de moradores do Andaraí afirmando que, além do assassinato de Hélio Ribeiro, as outras duas mortes ocorridas teriam sido resultado de execuções sumárias praticadas por policiais militares do 6º BPM (Tijuca). Uma equipe da comissão vai acompanhar o andamento do inquérito na Polícia Civil.
Filho diz que policial estava perto do pai
“Perdi um amigão do peito. Meu pai era meu companheiro, uma pessoa que só fazia o bem e queria o melhor para a família.” Esse foi o desabafo emocionado de Felipe Canellas Ribeiro, 23 anos, filho mais velho de Hélio.
Segundo Felipe, o policial do Bope surgiu no terraço de uma casa em frente a deles, com um fuzil e a 20 metros de onde estava seu pai. “Não sei como eles foram confundir uma furadeira, com uma extensão de fio enorme, com uma arma. Pelo que percebi, não deram nem chance para que meu pai mostrasse que aquilo não era uma arma”, afirmou.
Felipe estava em seu quarto quando ouviu um tiro e viu a mãe em pânico. “Os policiais gritaram para minha mãe deitar no chão senão iam disparar contra ela. Quando ela viu meu pai caído, baleado, entrou em desespero”, contou.
No momento do disparo, além de Felipe e sua mãe, ainda estava em casa, no primeiro andar da residência, o outro filho do casal, de 18 anos.
UPP no Andaraí
A Secretaria de Segurança Pública do Rio enviou uma nota lamentando a morte. De acordo com o documento, o Morro do Andaraí vai receber uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) ainda em 2010.
A nota explica que uma equipe do Bope, que ocupa o Morro do Borel, foi ao Morro do Andaraí checar denúncias de que bandidos da vizinhança estariam escondidos ali.
De acordo com a nota, o policial que atirou em Hélio está há dez anos na tropa de elite. Ele se apresentou à 20ª DP (Vila Isabel) como o autor do disparo e agora vai responder a processo.

Da Redação Com G1

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