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Avó, guarda que arrancou criança de mãe cigana em SP diz que só cumpriu dever

Não é agradável para quem vê nem para quem participa', disse.
Justiça realiza audiência nesta quinta-feira (18) sobre o caso.

Mãe de dois filhos e avó de três netos, a inspetora da Guarda Civil Metropolitana de Jundiaí Isis Regina de Abreu Fernandes, de 52 anos, foi filmada na segunda-feira (15) arrancando um bebê com a mesma idade de sua neta mais nova dos braços da mãe, uma cigana. Apesar dos gritos da mãe e da criança, Isis cumpriu a determinação judicial. Ouvida pelo G1 na noite de quarta-feira (17), ela reconheceu que as cenas impressionam, mas disse que, apesar da dor naquele momento, ela estava apenas realizando o seu trabalho.

"Ninguém acredita realmente que existe algum prazer neste ato. A gente se coloca no lugar, tem aquela empatia pela mãe, mas infelizmente estava lá como profissional. Havia uma determinação que eu tinha que cumprir", disse ela.

Há 18 anos na Guarda Civil e recém-promovida a inspetora, Isis afirmou que todos os cuidados foram tomados para tranquilizar a mãe durante uma hora antes de a criança ser levada.

"Não teve acerto de ela ceder espontaneamente a criança, o que é até natural, mas infelizmente a gente teve que retirar essa criança dela. Deu para transparecer na imagem que eu fiquei transtornada. Não é agradável para quem vê e muito menos para quem participa. A gente não levanta de manhã acreditando que vai fazer isso durante o dia, mas alguém teria de fazer."
 
Isis contou que ao chegar em casa foi recebida pela neta de 17 anos. "Ela me disse: 'Eu vi que você estava triste, vó'", afirmou. "Cheguei em casa, abracei minhas netinhas e fiquei pensando no que aquela mãe estaria sentindo. A dor da mãe é bem maior", reconheceu.

A inspetora da Guarda Civil afirmou que, embora as separações sejam dolorosas para a criança, muitas vezes elas as livram de situações injustas.

"As pessoas não têm noção. Isso ocorre diariamente. O ato de proteger uma criança do próprio pai e da própria mãe é assim. E a criança, até sendo uma criança vítima de agressão, tem o mesmo tipo de sentimento que teve esse bebê que foi filmado, porque o agressor é a única referência que ela tem. Ela vai entrar em pânico porque vai cair no desconhecido. O que deu azar é que foi gravado", afirmou.

O comandante da guarda, Paulo Sérgio de Lemos Giacomelli Stel, reconheceu a força das imagens. "É bem verdade que aquela imagem, que fala por si só, é constrangedora. Foi certo? Foi errado? Não sei. Mas estávamos cumprindo uma ordem judicial. As imagens não foram agradáveis, mas a guarda-civil sabe que cumpriu seu dever."


O juiz Jefferson Barbin Torelli, da Vara da Infância e Juventude de Jundiaí, marcou para as 16h a primeira audiência de conciliação do processo que trata da guarda da menina de um ano e dois meses.

A mãe que teve a filha levada a um abrigo negou que tenha usado a menina para pedir esmolas. “Eu estava lendo sorte, lendo mão. Aí me pegaram, colocaram dentro do carro e me trouxeram na viatura”, disse Dervana Dias. Ela foi até o abrigo na quarta-feira (17), mas não conseguiu ver a filha. Ela foi orientada a voltar depois porque a menina estava muito agitada.

Reportagem: Mário luiz ( carioca ) 
Fotos : Central Conde de Jornalismo 

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