Segundo Alessandra Lontra, da New Way Agência de Turismo & Consultoria, num espaço de cinco minutos, o valor de uma passagem aérea pode subir em mais de 500%, dependendo do dia e da hora em que o cliente fizer a consulta. “Você dá uma tarifa agora para o cliente e como não se pode mais fazer reserva, quando ele se decide e quer fechar a reserva, a mesma já está por outro valor”, revelou a executiva.
Dessa forma, ressaltou Alessandra, se o cliente comprar uma passagem agora e daqui a 5 minutos um amigo ou parente dele resolver viajar acompanhando-o, a passagem dessa pessoa poderá custar o dobro e para o mesmo voo e mesmo destino. “E para uma pessoa leiga, que não entende esse procedimento das companhias aéreas, fica sempre uma dúvida se realmente a regra é essa ou se é a agência é quem está querendo ganhar dinheiro com isso. É um absurdo”, criticou.
Às tarifas praticadas pelas duas maiores companhias aéreas do País - Gol e TAM. O preço de uma passagem para o Rio de Janeiro, com saída de João Pessoa, custa de R$ 556 (na promoção) a R$ 3.746,00 (diferença de 573,74%), ida e volta. Para São Paulo, o menor valor é de R$ 600 e a tarifa cheia sai por R$ 3.920,00 (diferença de 553,53%). E para Brasília, a diferença de preço é de 564,62%, com o preço de R$ 520 a R$ 3.456,00.
Para o presidente da Associação Brasileira das Agências de Viagens, na Paraíba, Lula Lucena, não há transparência das companhias aéreas em relação aos preços praticados pelas passagens, porque também não há fiscalização. “Ninguém cobra transparência”, afirmou o empresário. Segundo ele, as empresas cobram até 10 tipos de preços pelas passagens e quando um cliente paga a tarifa cheia, pode ter a certeza de que está “bancando” a viagem de pelo menos mais três pessoas.
Os voos e as tarifas estão disponibilizados num sistema pela internet, que permite o acesso fácil dos clientes. As tarifas são classificadas por “classe”, de acordo com os preços praticados. Cada “classe” tem um número “xis” de assentos, que não é informado pelas companhias aéreas. “Ninguém sabe exatamente quantos assentos estão disponibilizados por esse ou aquele preço. Não há transparência”, reafirmou o presidente da Abav-PB.
O preço elevado das passagens aéreas com voos saindo de João Pessoa - do aeroporto Castro Pinto - tem provocado uma reação por parte de muitos passageiros, que estão optando por embarcar no aeroporto dos Guararapes, em Recife. “O preço é mais de 50% mais baixo em Recife do que em João Pessoa”, disse Lula Lucena. E quando tem promoção, chega a quase 70% do valor. Em consequência disso, pelo menos 35% dos paraibanos embarcam para fora pela capital pernambucana.
O próprio presidente da Abav-PB tem na bagagem essa experiência. Lula Lucena disse que encontrou uma passagem de São Paulo para Recife, para novembro, por R$ 250. Se optasse por voltar por João Pessoa, essa passagem custaria R$ 750. “Como precisei comprar passagem para cinco pessoas da família, a minha opção foi Recife. Há casos em que é melhor voltar por João Pessoa, mas apenas em casos excepcionais”, disse
O presidente do Convention Bureau de João Pessoa, Gustavo Garcia, disse que essa diferença de preço das passagens, sempre mais caras na capital paraibana, prejudica diretamente a realização ou captação de eventos para a cidade. Segundo ele, é um dos argumentos que os promotores dos eventos apontam para optar por outro destino. “Se a passagem é cara, o custo do evento e para quem vem participar dele é bem maior”, afirmou o executivo.
No entanto, segundo o gestor executivo do Convention, Ferdinando Lucena, a instituição tem obtido sucesso em diversas captações de eventos pelo Brasil, em especial, em disputas com outras capitais do Nordeste. Segundo ele, apesar do custo das passagens, João Pessoa sempre se destaca pela beleza natural e segurança.
REPORTAGEM: MARIO CARIOCA
EDIÇÃO DE TEXTO:RAFAELA SOARES
FOTOS: JORNAL DO CONDE
Nenhum comentário:
Postar um comentário