sexta-feira

Cajucultura sinaliza safra 30% maior




Sem crise, mas muito preocupado com o baixo valor do dólar, o setor da cajucultura espera uma safra maior que a de 2008. Por causa das chuvas, a colheita só deve começar entre setembro e início de outubro
Produtores de castanha de caju esperam para este ano uma safra cerca de 30% maior que a do ano passado, passando das 130 mil toneladas (t) para 170 mil t. O engenheiro agrônomo Paulo de Tarso Meyer Ferreira considera que esse percentual pode cair um pouco em consequência dos ventos e da das chuvas, que já provocaram um atraso no início da colheita.

A expectativa da indústria também é positiva. Segundo o presidente da Câmara Setorial do Caju e do Sindicato da Indústria de Beneficiamento da Castanha de Caju do Ceará (Sindicaju), Lúcio Carneiro, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) estima crescimento de 18% na safra brasileira deste ano na comparação com 2008, em torno de 350 mil toneladas (t). Afirma que o Ceará, maior produtor e exportador, deve produzir entre 140 mil t e 150 mil t.

Adianta que o atraso da colheita não trará problemas porque há estoques suficientes para atender à demanda. De acordo com ele, dá para esperar com tranquilidade a nova safra.

Carneiro ressalta que, apesar do câmbio prejudicial, as exportações cearenses estão bem. E lembra que, enquanto praticamente todos os setores tiveram quedas, as vendas de castanha de caju para o Exterior, de janeiro a julho, cresceram 18% em volume e 1% no faturamento chegando a US$ 107 milhões. “Baixamos os preços e vendemos mais”, completa. O preço para o Exterior caiu 14%, além disso, as indústrias vêm conquistando outros mercados como o da Europa e da China para onde estão sendo enviados os primeiros contêineres”, disse.

O presidente do Sindicaju diz que o resultado é modesto, mas importante. E pode ser considerado uma vitória, num ano de crise. Diante do cenário mais favorável, ele projeta que a indústria feche 2009 com crescimento de 5%. A estimativa está dentro das previsões iniciais do ano, quando o mercado era avaliado com cautela.

O dirigente destaca que o problema agora é o dólar que, a R$ 1,80, ameaça a rentabilidade das empresas. Para ele, assim como a indústria manufatureira e a dos bens de capital (máquinas e equipamentos), o agronegócio pede muita atenção do Governo para evitar problemas futuros. Entre eles, a importação de matéria-prima que seria mais barata, mas que, segundo Carneiro, no momento está descartada.


EMAIS

- O Ceará tem cerca de 20 mil produtores, numa área de 330 mil hectares de cajueiros

- Estima-se que a atividade empregue em torno de 150 mil pessoas, desde os tratos culturais até a colheita no Estado.

- A safra de castanha de caju cearense está concentrada em 40 municípios.

- O parque industrial de beneficiamento da castanha de caju no Ceará, um dos maiores e mais modernos do mundo, conta com nove empresas que empregam 12 mil trabalhadores com carteira assinada.

- A indústria brasileira de beneficiamento de castanha de caju exporta para 40 países e fatura cerca de US$ 250 milhões/ano

Mais de 50% dos pessoenses não sabem o que é saneamento básico


Mais da metade da população de João Pessoa desconhece o que é saneamento básico. A conclusão é do estudo “Percepções sobre Saneamento Básico” do Instituto Trata Brasil e do Ibope Inteligência. O documento – divulgado ontem – revelou que 365 mil (52%) dos 702 mil pessoenses pensam, por exemplo, que o serviço é municipalizado. Em Campina Grande, 92 mil (24%) dos quase 384 mil moradores da cidade responderam à pesquisa de forma semelhante aos habitantes da capital do Estado.
O comerciante Givanildo Esterro da Silva, 43 anos, mora na rua João Mousinho. O endereço fica no bairro José Américo, em João Pessoa. O dono de uma pequena mercearia se encaixa no perfil de pessoenses que desconhecem o que é saneamento básico. Para ele, o serviço se resume às ruas pavimentadas e com fornecimento de água. “Eu acredito que uma rua saneada é a que a prefeitura faz o calçamento e água chega nas torneiras”, resumiu ao desconhecer que saneamento básico ainda inclui o serviço de esgotamento sanitário.
Na rua de Givanildo Esterro, a água utilizada para lavar pratos e roupas da pia de cozinha, sai do domicílio e vai direto para um cano de ferro que joga o esgoto em um pequeno rio que passa na rua João Mousinho. No local, ainda existe um cano estourado que jorra água pela rua. “Há oito dias que o cano está desse jeito. Nossas casas já estão até sem água”, disse o comerciante. Mesmo sem saber que o serviço de saneamento básico é administrado pelo Estado, Givanildo Esterro acionou a Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (Cagepa) para solucionar o problema do cano estourado. Agora, ele e os moradores aguardam o fim do desperdício de água no local. “Eu pensava que era a prefeitura que fazia o saneamento e a Cagepa resolvia os problemas”, completou.
No Nordeste, foram 16 cidades pesquisadas pelo Trata Brasil e Ibope. O resultado do levantamento colocou João Pessoa no 9º lugar no ranking dos municípios nordestinos. Campina Grande é a cidade onde existe a população mais esclarecida sobre o tema. A cidade ocupa a 1ª colocação na lista. Jaboatão dos Guararapes (PE) é o município onde as pessoas têm menos conhecimento sobre o serviço público. Na cidade pernambucana, 73% dos moradores desconhecem o que é saneamento básico.
A assessoria de imprensa da Companhia de Água e Esgotos da Paraíba informou que não possui conhecimendo da pesquisa do Instituto Trata Brasil e do Ibope. Contudo, destacou que João Pessoa, por exemplo, possui uma rede de cobertura de esgotamento sanitário de 52% e que deverá chegar a 82% quando as obras estiverem concluídas na cidade.
Por outro lado, o secretário de Infraestrutura de João Pessoa, João Azevedo, concordou com o resultado do levantamento. “Não se pode contestar os dados de uma pesquisa, exceto quando outra pesquisa traz outro resultado. Mas eu não sei como alguém utiliza o serviço e desconhece o sistema. No caso de pessoas que utilizam as fossas dentro de casa, elas poderiam dizer que não sabem o que é saneamento básico”, declarou.
No Brasil, a pesquisa feita por amostragem ouviu 1.008 pessoas moradoras das 79 cidades brasileiras com mais de 300 mil habitantes e revelou que 31% da população não sabe o que é Saneamento Básico. Em uma questão específica sobre o termo, na qual os entrevistados poderiam indicar mais de um tipo de serviço dentro do conceito, as cinco respostas mais mencionadas foram: serviços de esgoto (54%), serviços de água (28%), coleta de lixo (15%), limpeza pública (14%) e pavimentação (8%). A citação ao esgoto ficou em primeiro lugar em todas as regiões do país, seguida de serviços de água, que só na região Nordeste ficou em terceiro lugar, atrás de limpeza pública.
“Como os dados oficiais indicam que esta porcentagem é menor, percebe-se que a população acredita que o esgoto de seu domicílio é ligado à rede municipal de esgoto, quando na verdade não é”, concluiu o presidente executivo do Instituto Trata Brasil, Raul Pinho. A pesquisa mostrou que 1 em cada 5 domicílios (20%) consultados não está ligado à rede pública. Os índices são maiores nas cidades da região Nordeste (56%) e de médio porte (68%).
Embora pouco mais de ¼ dos entrevistados (28%) afirmarem desconhecer o destino do esgoto de sua cidade, percentual próximo (22%) dos que acreditam que os resíduos vão para uma estação de tratamento; para 32%, o esgoto das casas segue direto para os rios. Quanto ao tratamento, 17% das pessoas acham que todo o esgoto coletado recebe tratamento, 50% avaliam que apenas parte dos resíduos é tratado e para 16% não há tratamento algum. Quase 1/5 (17%) dos entrevistados não soube opinar.

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