O
presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), defendeu hoje (25) que a
denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral de República (PGR) contra o
presidente Michel Temer e dois ministros de seu governo – Eliseu
Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência) –
seja votada de forma única, sem fatiamento por pessoa ou por crime.
Maia
falou com jornalistas após uma reunião de cerca de duas horas com a
presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia. Ele
negou, no entanto, ter discutido o tema com ela, embora tenha
desconversado sobre a pauta do encontro.
“Para
mim é muito claro que é uma votação só, o precedente é esse, e a peça
foi encaminhada de forma única [pelo STF]”, afirmou Maia.
A
possibilidade de fatiamento foi levantada por alguns parlamentares
depois da chegada da denúncia à Câmara na última quinta-feira (21). No
entanto, já no dia seguinte, a Secretaria-Geral da Mesa autuou o
processo de forma única.
“A
Secretaria-Geral tomou uma decisão que foi a minha decisão, de entender
que a peça é única”, afirmou Maia. Nesta segunda, entretanto, o
presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa, Rodrigo
Pacheco (PMDB-MG), não descartou que o colegiado modifique o
entendimento e fatie a votação por acusado.
Para
Maia, tal modificação somente deveria ser feita pelo Supremo, e só se o
Tribunal for provocado em uma ação formal sobre o trâmite da denúncia.
“Se vai haver algum tipo de mudança, acho que não pode ser nem por
consulta, deve ser por meio de algum instrumento como mandado de
segurança, para que o Supremo possa manter ou mudar a interpretação”,
disse o presidente da Câmara.
Ao ser
questionado sobre a expectativa do Planalto de que a denúncia seja
votada até 22 de outubro, revelada pelo vice-líder do governo na Câmara,
Darcísio Perondi (PMDB-RS), Maia respondeu apenas que “quem decide isso
é o presidente da Câmara”.
Ele disse
confiar que a leitura da denúncia será realizada amanhã (26) em
plenário. A formalidade, necessária para que o processo siga para a CCJ,
seria realizada nesta segunda, mas acabou adiada por não ter sido
atingido um quórum mínimo de 51 deputados.
Segunda denúncia
No
último dia 14 de setembro, o ex-procurador-geral da República Rodrigo
Janot apresentou a segunda denúncia contra Temer ao STF. Nesse processo,
Janot acusa Temer e os ministros Eliseu Padilha e Moreira Franco, ambos
do PMDB, de terem formado esquema de corrupção, envolvendo integrantes
do partido na Câmara, com o objetivo de obter vantagens indevidas em
órgãos da administração pública.
Na
acusação por obstrução de Justiça, Temer teria atuado para comprar o
silêncio do doleiro Lúcio Funaro, um dos delatores nas investigações,
que teria sido o operador do suposto esquema. A interferência teria
ocorrido por meio dos empresários da JBS, Joesley Batista e Ricardo
Saud, que são acusados do mesmo crime.
A
defesa de Michel Temer contestou as acusações e apresentou ao STF
pedido para que a denúncia fosse devolvida à PGR. Mas o plenário da
Corte decidiu encaminhar a denúncia para a Câmara, à qual cabe autorizar
ou não o prosseguimento da investigação na Justiça.
Em
vídeo divulgado na sexta-feira (22), Temer afirmou que foram
apresentadas “provas forjadas” e “denúncias ineptas”. “A verdade
prevaleceu ante o primeiro ataque a meu governo e a mim. A verdade, mais
uma vez, triunfará”, disse.
Na mesma
denúncia, também são alvo os ex-deputados Eduardo Cunha, Henrique
Eduardo Alves, Geddel Vieira Lima e Rodrigo Rocha Loures, todos do PMDB.
Da Redação com Agência Brasil